San Matias/Bolívia

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De Cáceres à Bolívia, até a primeira cidade, San Matias, foram 110km extremamente psicológicos, pois nos primeiros 90km só havia retas intermináveis e nenhuma civilização por quase todo o trajeto. Nunca pensei que ia dizer isso, mas eu prefiro um relevo acidentado com muitas subidas e descidas, à pedalar no tédio das grandes retas planas. Logo depois veio o início do Pantanal, que se estende até o Mato Grosso do Sul e o que eu mal podia esperar era que esse pantanal tomaria praticamente todo o leste boliviano. Custou muito até eu chegar na fronteira. No momento que começou algumas ladeiras mais suaves eu estava num estado de cansaço avançado, parando a cada sombra para passar a dor na bunda (kkkk), não aguentava mais sentar na sela! Em uma descida suave peguei um pouco de velocidade e quando atingi uns 30km/h uma abelha picou a minha perna, a tirei com um tapa! Mas quando voltei a atenção para a pista eu já estava descendo no barro do acostamento, apenas segurei o guidom esperando o pneu traseiro descer, mas com o peso ela derrapou completamente me levando ao chão. A 30km/h meu impacto foi bem forte, bati com o lado esquerdo na altura do ossinho da cintura primeiro e depois com as costas, o ombro e finalmente o capacete com toda foça no chão, era um barro duro com muito cascalho e fui arrastando o ombro e a cintura por cerca de 6m até parar. 
Meu pé ficou preso entre o pedal e o quadro, por isso não consegui me livrar da Bike. Saí e me sentei em uma sombra próxima para me recompor e avaliar meu estado, estava tudo bem, só arranhões, e o que mais doía era a pancada na cintura. Decidi aproveitar a adrenalina e prossegui com tudo, devia faltar um pouco mais de dez quilômetros até a Bolívia, então segui firme, tentando não baixar o nível de adrenalina e logo cheguei nos bloqueios militares. Um militar me falou para entrar na receita federal e assim o fiz, chegando na guarita os guardas me mandaram prosseguir. Pedalei mais um quilômetro e me deparei com policiais da fronteira, um posto avançado antes da cancela do exercito boliviano. Esse posto avançado é da GEFRON, decidi voltar e falar com eles só por questão de segurança, assim que entrei começamos a conversar sobre o meu projeto e logo eles me convidaram para almoçar. O pessoal foi super gente fina, me deram prato e talher e matei a fome com arroz, feijão, macarrão com carne moída e salada, com direito a laranja de sobremesa e tudo! Sou muito grato aos amigos da GEFRON!
GEFRON
Prossegui lentamente, de barriga cheia, totalmente de boa e passei pela cancela do exercito boliviano tranquilamente. O soldado me falou, já em casteliano, que meu passaporte só precisaria ser carimbado na "Migración" da cidade, pois alí eles só vistoriavam carros e caminhões. Continuei pelos sete quilômetros de estrada de barro e cascalho até encontrar alguns trabalhadores da companhia elétrica que se interessaram pela minha aventura e me ofereceram água geladinha! Fui pedalando em meio a uma nuvem de poeira e derrapando bastante, mas consegui chegar na cidade! Perguntei por um hotel e logo a polícia do pantanal boliviano me apontou o hotel Copacabana, eu nem me preocupei com o preço, era R$35,00, eu queria mesmo era tomar um banho e deitar!

Cheguei!
Hotel Copacabana

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